sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Artigo

O Projeto Além das Palavras Traz Uma Nova Óptica ao Processo de Ensino e de aprendizagem no Município de Sete Quedas.
MOURA, Nadir Maria de Moura1

Resumo
É de responsabilidade do Projeto Além das Palavras dar uma formação continuada aos professores atuantes no 3º, 4º e 5º ano, que visa um melhor aproveitamento no processo de ensino e de aprendizagem. Embora esteja dando os primeiros passos, é notório a mudança de ação e atitude dos educadores nos referidos anos, inseridos no projeto. Como toda mudança traz divergências o projeto não é exceção, no entanto seus idealizadores diagnosticaram corretamente os sintomas que tem gerado uma síndrome no ensino-aprendizagem, oferecendo bases sólidas para dirimir os fatores negativos que tem levado ao fracasso a aprendizagem.

Palavras Chaves: Formação Continuada, Pensar, Aprender, Leitura.

Abstract
The Project Afterlife of words resposability,to give a continued formation to perform teachers, in 3rd , 4th and 5th stage, with goal an best use in teaching-learning, in spite of we are giving the first steps, it is remarkabily the change of action and attitude of educators on refered stages, like all change brings opposing, this project isn’t exception, in the meantime its thinkers diagnostic correctly the symptom that forms syndrome in teaching-learning, it’s giving solid bases to reduce the negative factors have fallen the learning.

Keywords: Continued formation, think, learn, reading

Introdução
. Após momentos reflexivos da direcionalidade do Projeto Além das palavras, notou-se q
O Projeto Além das Palavras, recém nascido no Estado do Mato Grosso do Sul traz uma nova ótica da deficiência no ensino-aprendizagem, atualmente, vivenciada. Após seis meses trabalhando como coordenadora na área de Matemática, verifiquei alguns fatores determinantes que têm levado o sistema educacional quase ao fracasso. Citarei alguns exemplos para melhor esclarecer o que aqui defendo, relatando que a maioria dos educadores não possui gosto pela leitura, não sabem pensar, possui formação deficitária, indisponibilidade de querer aprender - a - aprender e individualismo na docência, fazendo de sua prática docente um ato solitário. Estes são alguns sintomas que têm se transformado em uma síndrome no ensino-aprendizagem que de uma forma explícita ele tem um tratamento específico a cada um desses fatores.

1. Coordenadora do Projeto Além das Palavras – Área Matemática – Município Sete Quedas
A Importância da Leitura dentro do Sistema Educacional

A “leitura“ deve ser visualizada de forma diferente não como lição ou imposição de processos avaliativos, mas com uma intencionalidade de despertar no discente o prazer de buscar informações e conhecimentos para enriquecimento de sua formação como cidadão.
Para que isto aconteça faz-se necessário uma reformulação do conceito de ler. Primeiramente levar a criança ao aprendizado da leitura do mundo em que está inserido, dos objetos que o cerca, da simplicidade da vida. Tal como relata Freire (Congresso, 1981):

O ato de ler não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade daquele, a leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo, mas por uma certa forma de escrevê-lo ou de reescrevê-lo quer dizer, transformá-lo através da prática consciente.

Uma educação voltada para o incentivo à leitura faz-se muito importante no processo educacional para o docente e para o discente, tal como expressa Silva (1994 p. 19), “professores e alunos precisam ler porque a leitura é um componente da educação e a educação, sendo um processo, aponta para a necessidade de buscas constantes de conhecimento”. Para tanto, para desenvolver habilidades de leitura, o professor junto ao aluno precisa buscar situações didáticas que favoreçam a aprendizagem Entretanto o ato de ler não significa unicamente, o processo de decifração de símbolos ou códigos, mas deve servir como objeto de interpretação e instrumento de transformação social. Para tanto,”[...] para desenvolver habilidades de leitura, o professor junto ao aluno precisa buscar situações didáticas que favoreçam a aprendizagem [...], estabelecendo as conexões lógicas, as inferências [...].” (Barrueco, 2007 p. 93)
Quando é mencionada a busca de conhecimentos, exemplifica-se aqui que “Matemática Com Alegria” que subsidia a área de Matemática, a autora Cristina Carmo fez um casamento perfeito do conteúdo com as ilustrações, as quais são vivenciadas por nossos alunos em seu dia-a-dia. No entanto, muitos professores reclamam e dizem que os exercícios são poucos, o que denota que tais professores não percebem que dentro do contexto exposto há necessidade de ir além do que está pronto e criar algo mais para o educando.
A incapacidade de se criar “algo” é evidenciada pela falta do hábito de ler. Quem não lê tem seu universo limitado, pensar torna-se difícil, e é o que se percebe em um número considerável de profissionais educadores, pois a situação de comodidade vivida por alguns professores durante vários anos possibilitou a cristalização de conceitos, impedindo-os a visão de novos conhecimentos. Mas a direcionalidade metodológica do projeto Além das Palavras tem auxiliado esses profissionais dando aos mesmos um novo vigor e uma nova perspectiva diante da realidade na qual se encontram.

A importância da formação do professor no sucesso do contexto de ensino-aprendizagem

A debilidade formativa dos professores é um dos fatores de maior responsabilidade quando se fala em fracasso escolar. O problema é que existe um abismo enorme entre teoria e prática educativa.
Percebe-se que na maioria dos Cursos de graduação o futuro profissional aprofunda-se em autores teóricos que lhe apresentam uma educação ideal, onde não há problemas, mas quando tal profissional é inserido no exercício das suas funções encontra-se com a verdadeira realidade, descobrindo que a educação estudada nos campos acadêmicos não passa de mera utopia. Nesse sentido, Candau (1996, p. 49) relata que: “Um dos problemas que mais fortemente emerge da análise da problemática da formação dos profissionais de educação é a questão da relação entre teoria e prática”.
Ghedin (2005, p. 30) argumenta que:

A reflexão sobre a prática institui-se a partir de uma necessidade de tornar a prática cotidiana que se dá mais reflexiva e compreendida em seu contexto e se constitui uma forma definidora da identidade do professor e de seu desenvolvimento profissional.

Essa deficiência profissional não é recente, segundo Romanelli (1987, p. 36) “no contexto histórico verifica-se que após a expulsão dos jesuítas no século XVIII, a responsabilidade da educação foi transferida para professores leigos com pouca instrução acadêmica”.
Tal situação predomina até os dias atuais, pois, segundo Salgado (2000 p. 15),

Até algumas décadas atrás, não se julgava necessário que professores tivessem uma formação sistemática aprofundada. Os cursos que preparavam esses professores, não enfatizavam a formação geral nem os aspectos teóricos da educação, detendo-se quase só em aspectos metodológicos. Dava-se mais importância à chamada vocação e às características pessoais, tais como a paciência, a abnegação, a doçura e o jeito para lidar com crianças.

Além da falta de capacitação profissional, outros fatores que interferem na qualidade do ensino é o individualismo e a estagnação do professor. No que diz respeito a atitudes individualistas, Sacristan, (2000, p. 195) argumenta que: “muitas vezes, o saber prático útil ao professores procede basicamente de sua própria experiência e da transmissão do saber coletivo do conjunto de profissionais do ensino por via de socialização horizontal nos centros escolares”.
Nota-se que entre os profissionais da educação ha uma acentuada diferença entre formação e qualificação, pois o professor pega seu diploma de licenciatura, entra na sala de aula, inicia suas atividades e após certo período de tempo começa a se sentir desmotivado, porque acredita não ser reconhecido monetariamente por aquilo que faz. Passa então a defender que o sistema não lhe oferece nenhuma espécie de incentivo ou oportunidade para desenvolver suas habilidades, logo, este profissional se acomoda e com isso acaba se tornando um empecilho para o bom desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.
Para minimizar essa problemática os idealizadores do Projeto Além das Palavras, junto à Secretaria estadual de educação têm demonstrado sensibilidade e responsabilidade para com os profissionais que estão na ativa, ao colocar professores habilitados nas áreas de Língua Portuguesa e Matemática, onde estes coordenam e auxiliam o professor na direcionalidade das atividades nas oficinas e no assessoramento in loco. Tais atitudes levam à credibilidade do projeto com a formação continuada dos profissionais, além de democratizar e remunerar os horários excedentes de trabalho nos encontros para realização das atividades e das oficinas.
Este projeto tem dado bom resultado embora de forma lenta e gradativa, mas verifica-se que mesmo paulatinamente foi o único que nas últimas duas décadas demonstrou logo de início ser um projeto no setor de educação a sair do papel acompanhado de uma promessa que abrange não apenas um único grupo (como foram os projetos educacionais anteriores), mas sim busca melhorar o desempenho de aprendizagem tanto dos educadores, como também dos educandos.

Uma das Características do Projeto Além das Palavras é Levar o Docente a Aprender a Pensar
Os resultados obtidos nas avaliações diagnósticas evidenciam que nossos alunos não estão preparados para aprender a pensar. O baixo índice no IDEB- Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, deixou diretores e coordenadores em;alerta, pois a insatisfação é notória, levando-os aos questionamentos, aos porquês.Hoje, fica fácil responder esses questionamentos com poucas probabilidades de erros, tendo é claro conhecimento de causa, pois se o professor não domina, não tem conhecimento do conteúdo da matéria que ensina, conseqüentemente os educandos não poderão aprender. O correto nesse caso seria necessário a realização de avaliações como as do IDEB não a alunos, mas também aos professores, para a partir daí nortear o processo avaliativo do aluno.
Tal afirmativa pode ser confirmada em Libâneo (1994, p. 105)

Não é muito comum os professores terem o hábito de levar os alunos a pensarem sobre o que estão aprendendo. Frequentemente a criança faz uma pergunta ou revela uma curiosidade e, ao invés de ajudá-la a refletir, o professor entrega a resposta pronta ou simplesmente ignora o problema.

Uma das vertentes do Projeto Além das Palavras esta voltada à minimização desta dificuldade do professor em sala de aula, ensinando-o a questionar mais os alunos, fazer levantamento de conhecimentos prévios dos alunos, respeitando o que o aluno sabe e ensinando o que ele não sabe.
Aprender a aprender, aprender a pensar, encontrar idéias, são fatores predominantes no sucesso do trabalho do educador. Não é necessariamente obrigatório, que se invente novamente a roda, embora é claro, que novas idéias sejam sempre bem vindas, mas é importante que o educador saiba recriar situações de aprendizagem, uma vez que, em teoria, existe no universo educacional criações suficientes e tendo apenas um pouco de criatividade é possível dar uma nova roupagem a essas idéias, para que seus conteúdos tornem-se mais atrativos.
O professor do Século XXI precisa perceber que toda informação comum que se tem é uma aquisição de experiência de vida, porém o conhecimento vem através de reflexões, e leva a descobrir valores dos fatos e explicações do que se ensina.

Conclusão

Em suma, observa-se que dentro da problemática quase crônica que é o fracasso no processo de ensino e de aprendizagem, surge o Projeto “Além das Palavras” como forte indicador no ensino de novas habilidades e competências apontando aos educadores sua parcela de responsabilidade neste contexto, mostrando que não existe uma formação ou um conhecimento acabado.
Os educadores precisam de uma formação continuada, pois a estagnação é uma das causas principais das mazelas insatisfatórias que estão inseridas no sistema educacional. Atualmente é comum ouvirmos reclamações de professores colocando toda responsabilidade de seu insucesso no aluno, então surge o Projeto Além das palavras dando ao aluno a chance de defesa e para mostrar que este é capaz sim de aprender, de pensar, ser critico e ser ativo, desde que tenham profissionais com competência para ensiná-los.
Este artigo não termina aqui já que o trabalho ora apresentado é uma analise pessoal e limitada apenas no município de Sete Quedas, nas Escolas Guimarães Rosa e 13 de Maio e tem como base os seis meses de trabalho realizado desde a implantação do Projeto. Portanto, poderá ser complementado por outras experiências de colegas, tanto do município em foco como de outras cidades e unidades de ensino.

Referências Bibliográficas

CANDAU, Vera Maria;. Rumo a uma nova Didática, 8ª ed. Vozes, Petrópolis, 1996.

FREIRE, Paulo; A importância do Ato de Ler. Conferência preparada para um congresso sobre Leitura na cidade de Campinas – SP, 1981.
GHEDIN J; Formação continua de professores Salto para o Futuro, Boletim 12, Programa 3, MEC. 2005.

LIBÂNEO, José Carlos; Didática. 16ª reimpressão SÃO PAULO: Cortez, 1994(Coleção magistério 2º grau. Série formação do professor)

ROMANELLI, Otaiza de Oliveira; História da Educação no Brasil, 9º ed. Vozes, Petrópolis – RJ, 1987.

SACRISTÃN, J. Gimeno; O CURRÍCULO: Uma Reflexão Sobre a Pratica, 3ª ed. ARTMED, Porto Alegre, 2000.

SALGADO, Maria Umbelina Caiafa; Um Olhar Inicial sobre a Formação de Professores em Serviço, MEC/ SEAD, Brasília, 2000.

SILVA, Ezequiel Theodoro da; Elementos de Pedagogia da Leitura. 2ª ed. São Paulo, Martins Fontes, 1993.

BARRUECO, Sônia Maria Ferreira. Avaliando a experiência de formação continuada em língua portuguesa do GESTAR. 2007, 268 f. Capítulo II. A leitura e o ensino da língua: linguagem, discurso e texto.Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Católica Dom Bosco – UCDB. Campo Grande/MS, 2007.

Um comentário:

nadir maria disse...
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